Arrieiros somos, nesse caminho andamos...
Página publicada em: 02/08/2025
Francisco Sérgio Nogueira - R$50,00 (72 págs.)
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Este livro reúne a produção literária que foi sendo escrita no ritmo da própria vida, resultado da experiência de uma vida marcada por muitas lutas e vivências que foram sendo maturadas e transpostas para o papel, com a leveza da arte que resulta da inelutável imposição de uma vocação de escritor que o tempo lapidou com esmero e maestria. Francisco Sérgio Nogueira trabalhou em silêncio desde sua juventude para legar à literatura do Vale do Paraíba (e por que não dizer brasileira?) essa verdadeira joia da mais pura e legítima expressão do jeito de ser e da alma do povo brasileiro. (Leia, a seguir, o texto das orelhas do livro)

"Fui lendo as crônicas, contos, “causos” do tio Chico... lembrança e ficção, é uma costura, ele tece imagens, pontos de vista, registros, divagações atuais e antigas. Pela leitura vão passando (são passagens!) paisagens, personagens, situações. Tio Chico coloca palavras como quem se deixou surpreender por termos e expressões saídas e situadas num entretempos. É como uma teia: meadas antigas, percursos, volteios merecendo considerações atuais. Em algumas páginas se encontram palavras que (parece) estão desajustadas no meio da frase. Estilo? O escritor é poliglota? Existindo memória muita e o escrito veio só depois, são buscas? Importa mesmo é que o texto flui, como um rio, como uma rede que nos embala. A lembrança nesse texto não é “coisa-de-ancião”. Não se trata de concessão ao passado. Nem se trata de recordação ensimesmada, coisa que os antigos fazem por força de saber que cada dia é algo mais do que um simples fluxo que escoa. Lembrar é estabelecer percursos, idas e vindas, inspiração projetada. Aqui, assume-se o tempo como medida humana. Como história, emergindo de estórias." (Adriano Salmar Nogueira e Taveira)
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“Triste, solitário, Divino espera o ônibus na rodovia. Lá longe, na colônia, intermitente, ele ouve o som da sanfona que anima a festa do casamento da Abadia. O ônibus para, Divino sobe, o motorista pergunta qual o motivo da festa. Ele não responde. Ele se sente vazio, ausente, olhos ao longe, nada vê, nada ouve. Tristonho, viaja também para dentro de si, relembrando trilhas da memória. À sua frente uma nova vida, o mundo imenso, desconhecido; lá detrás, sua irmã, seu cunhado, os sobrinhos, os amigos. Nem sequer se despediu deles.” (Trecho do livro)