Um bicho salta das palavras, derrama seus mistérios em voz sucinta, metamorfoseia-se em línguas outras, faz-se gravura e volta ao habitat, ciente do roteiro cumprido. Surge novo bicho, mais outro, outro mais... e um híbrido bestiário pós-moderno se desenha ante nossos olhos, brasileiro, internacional, repleto de signos e senhas, convidando-nos ao passeio caleidoscópico entre asas, escamas, patas e pêlos. Presos nos gradis da vida, estamos nós a vê-los, enquanto eles, livres, desfilam, desafiam e se despedem. Eles são dez. Nós, muitos, multiplicados ainda mais pelo verbo que se faz verso em versões. Eles, todavia, possuem voz e imagem. Nós, quiçá tenhamos ouvidos e olhos para percebê-los.
Eis a ordem do desfile:
Beija-flor, ainda mais delicado nas vestes do hai-kai, sabe-se metáfora e esparge sobre nós vôos desejados.
Bode, humanamente, se debruça no espelho da mitologia e se vê fauno sedutor.
O cavalo, leitor de Quintana, põe em pauta a beleza e o poeta, num jogo de vice-versa, em que uma carta outrora lida motiva verso e conversa.
Jacaré tem palavra mais longa, como o desenho de seu corpo no mapa-múndi ancestral. Mas permanece no segredo de quem sabe nadar de costas em rio que tem piranha.
» Marcelo Ariel
Poesia "perigosa". Poesia "metafísica, a partir da realidade da periferia". Poesia que "espalha agonia entre os leitores". Tal é a impressão que o "Tratado dos anjos afogados", livro de estréia de Marcelo Ariel, vem causando na crítica.
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