Editora LetraSelvagem

Editora e Livraria Letra Selvagem

Literaura Brasileira

Os melhores escritores do Brasil

Ricardo Guilherme Dicke

Romance, Poesia, Ficção

Deus de Caim

Olga Savary

Nicodemos Sena

Edivaldo de Jesus Teixeira

Marcelo Ariel

Tratado dos Anjos Afogados

LetraSelvagem Letra Selvagem

Santana Pereira

Sant´Ana Pereira

Romance

Nicodemos Sena

Invenção de Onira

A Mulher, o Homem e o Cão

A Noite é dos Pássaros

Anima Animalista - Voz de Bichos Brasileiros

A Espera do Nunca mIas (uma saga amazônica)

O Homem Deserto Sob o Sol

Romancista

Literatura Amazonense

Literatura de Qualidade

Associação Cultural Letra Selvagem

youtube
Destaque Cadastre-se e receba por e-mail (Newsletter) as novidades, lançamentos e eventos da LetraSelvagem.

Críticas

Fonte maior
Fonte menor
O feroz círculo do homem
Página publicada em: 05/06/2017
Fernando Py
Numa linguagem simbólica, Carlos Nejar constrói uma poderosa parábola do nosso tempo, numa época em que "a hipermodernidade devora os sons da primeira manhã". Confira a seguir a resenha que Fernando Py escreveu sobre o novo livro de Carlos Nejar. (texto publicado originalmente na "Tribuna de Petrópolis", 24, 25 e 26 de dezembro de 2015, Petrópolis,RJ)
Com O feroz círculo do homem (Taubaté: LetraSelvagem, 2015), prossegue o poeta Carlos Nejar a sua trajetória de ficcionista em prosa, iniciada com Um certo Jaques Netan (1991). Agora, somos apresentados a um universo de delírios e imagens numa prosa bastante enxuta e concentrada, na narrativa exposta pelo personagem Tibúrcio Dalmar, que é encarregado de guardar as sombras das almas no sótão de uma tenda em Pontal do Orvalho – entre o cimo de um monte e as margens do rio João Aragem, local que assume a forma de uma Caverna circular, comandada pelo Círculo. Este é uma entidade enigmática. Por vezes parece impor-se de modo discricionário, como se fossem ditadores os membros que o compõem. Outras vezes se mostra tolerante e compassivo – o conjunto das pessoas que o formam se assemelha a seres humanos comuns. Em toda a narrativa existe sempre essa ambivalência, ambiguidade que o próprio Dalmar não penetra inteiramente. E Dalmar expõe ao leitor sua própria ambiguidade. Admite que é um tanto difícil de ser entendido, mas todos são assim: “Não somos obrigados a explicar, muito menos a natureza. Ela nos explica e basta” (p. 22). E vive a sua vida, conta que as pessoas sofrem de alucinações e essas alucinações apareceriam em momentos de desânimo. E em todas as peripécias narradas por Dalmar, destaca-se o fato de ter sido designado pelo Círculo de administrador das sombras das almas. Custou a aceitá-lo porém acabou aceitando: as sombras das almas eram colocadas em caixas, depois substituídas por vasos fechados – eram apenas sombras, pois as próprias almas já haviam subido às etéreas alturas (p. 29).
 
E Dalmar se torna chefe dos arquivos dos mortos nos vasos com as sombras das almas.
 
Podemos esclarecer que alma, sombra, sonho, amor, bem como Deus e principalmente a Palavra, são reflexos simbólicos do universo criado por Nejar, universo em que a Palavra come a morte, indefinidamente. Portanto, O feroz círculo do homem – segundo Diego Mendes Sousa no posfácio ao livro – é uma parábola do nosso tempo, “onde a hipermodernidade devora os sons da primeira manhã” – ou seja, destrói as nossas concepções de mundo, o que provoca uma doença nefasta: o esvaecimento das almas viventes (p. 148).
 
Ademais, para Dalmar existe a Sabedoria e, sobretudo, o Amor. Sua sabedoria se expõe e se desenvolve no conhecimento das coisas e na citação de escritores e filósofos, o que lhe dá realce entre os seus e até dentro do Círculo. Mas é o amor de Lualva, morena “encorpada, lastreada de curvas e volúpia”, que envolve inteiramente a natureza de Dalmar e o faz entender que no amor é que “principia a nascença da alma” (p. 62). Vale a pena ler e refletir sobre o livro de Nejar.
 
______________
*Fernando Py é um poeta, crítico literário e tradutor brasileiro. Traduziu a íntegra da monumental obra proustiana Em Busca do Tempo Perdido

Faça seu comentário, dê sua opnião!

Imprimir
Voltar
Página Inicial

Autores Selvagens

Autor

» Mateus Mendes

Um dos expoentes da nova geração de estudiosos brasileiros preocupados em entender e explicar, à luz da Ciência Política, as causas e os efeitos dos recentes fenômenos sociais que, a partir do início dos anos 2010, abalaram as relações humanas em escala planetária, com o crescente descrédito do sistema político representativo das democracias liberais, o aumento da desesperança dos "de baixo" e ascensão da extrema direita nazifascista. (Saiba mais...)

Colunas e textos Selvagens

© 2008 - 2021 - Editora e Livraria Letra Selvagem - Todos os Direitos Reservados.