Editora LetraSelvagem

Editora e Livraria Letra Selvagem

Literaura Brasileira

Os melhores escritores do Brasil

Ricardo Guilherme Dicke

Romance, Poesia, Ficção

Deus de Caim

Olga Savary

Nicodemos Sena

Edivaldo de Jesus Teixeira

Marcelo Ariel

Tratado dos Anjos Afogados

LetraSelvagem Letra Selvagem

Santana Pereira

Sant´Ana Pereira

Romance

Nicodemos Sena

Invenção de Onira

A Mulher, o Homem e o Cão

A Noite é dos Pássaros

Anima Animalista - Voz de Bichos Brasileiros

A Espera do Nunca mIas (uma saga amazônica)

O Homem Deserto Sob o Sol

Romancista

Literatura Amazonense

Literatura de Qualidade

Associação Cultural Letra Selvagem

youtube
Destaque Cadastre-se e receba por e-mail (Newsletter) as novidades, lançamentos e eventos da LetraSelvagem.

Críticas

Fonte maior
Fonte menor
O cotidiano selvagem do cais
Página publicada em: 22/09/2015
Manoel Hygino dos Santos
Punguistas, prostitutas, vadios, desempregados, estivadores e pequenos ladrões, toda uma fauna humana da sombria e miserável zona portuária da cidade de Santos, litoral de São Paulo, circulam nas paginas do romance "Os vira-latas da Madrugada", de Adelto Gonçalves (Resenha publicada originalmente no jornal "Hoje em Dia", Belo Horizonte, 10/09/2015)
O livro foi lançado na mesma noite em que “houve uma bomba que explodiu no Rio Centro antes da hora e fez gorar uma tragédia que poderia ter provocado muitas vítimas”. Refiro-me a Os vira-latas da madrugada, romance de Adelto Gonçalves, que saiu sem o prefácio de Marcos Faerman, vetado pelo regime militar implantado em 1964.
 
Em 2015, ele é relançado, na íntegra, pela Letra Selvagem, uma casa editorial de Taubaté, fundada e dirigida pelo aplaudido escritor Nicodemos Sena, que vem apresentando uma série de obras importantes de ou sobre nossas letras.
 
Os vira-latas da madrugada é, antes de tudo, a descrição de fatos e personagens que sofrem atrozmente a injustiça social no cais de Santos. No maior porto do país, junto ao qual o autor passou a infância, aglutinam-se pela sobrevivência punguistas, vendedores de jogo do bicho, catadores de todo tipo de restos, mendigos, engraxates, prostitutas e aprendizes, gigolôs, velhos marinheiros de numerosas viagens por muitos mares, gente de toda idade, cor e procedência.
 
Os personagens de Adelto são seres humanos vítimas do sistema e de contingências de nossa época e país. Prostituição e pequenos crimes são fruto da sociedade e da degradação dos vínculos de família e de comunidade. No túmulo do personagem João de Angola, inscreveu-se que ele, “em toda sua vida nunca defendeu nenhum partido, nenhuma religião, nenhum regime que não fosse o regime de liberdade”.
 
A marginália foi a seu funeral, porque enfim era um dos seus, em seu tempo de passar a vida. Sula, a moça que se profissionalizou no meretrício procedente de Minas, o protetor das mulheres de beira-cais, o vagabundo de paletó surrado, a dançarina do “Old Kopenhagen”, a cafetina com seu cachorro pequinês no colo, motoristas de táxi, trabalhadores das docas, muambeiros, passadores de fumo, traficantes, o vendedor de bilhetes de loterias.
 
Mas havia outros, como que se dizia ex-integrante da Coluna Prestes, o escultor de pequenas peças de madeira, os briguentos e os pacíficos, uma fauna humana que enxameava o cais, doentes sem assistência, ébrios contumazes, todos irmanados, esperando talvez uma revolução que os regenerasse e os reconduzisse.
 
Quando o velho Marambaia, marujo de um sem número de viagens pelo mundo, morreu deixou umas folhas de papel amassadas, que resumiam seu último grito de desespero: “O homem solitário, como os falsos sábios o concebem, não existe. A rigor, todo homem é solitário, todo homem está sozinho no universo. Mas não do modo como entendem os psicólogos burgueses que pensam padronizar a mente humana com fórmulas matemáticas. Todo homem, por mais solitário que seja – mesmo aquele que se esconde de todos os perigos, que nunca desafiou uma autoridade – é sempre consequência do mundo que o cerca”.
 
O livro, com posfácio de Maria Angélica Guimarães Lopes, mineira formada pela PUC-MG, merece ser lido, é colocado por marcos Faernam, entre os clássicos de obras-primas, como “México Rebelde”, de John Reed, e “Décadas Púrpuras”, de Tom Wolfe.
 
________________
*Manoel Hygino dos Santos é escritor e jornalista mineiro, membro da Academia Mimeira de Letras e autor, entre outros, de Considerações sobre Hamlet

Faça seu comentário, dê sua opnião!

Imprimir
Voltar
Página Inicial

Autores Selvagens

Autor

» Silas Corrêa Leite

Começou a escrever aos 16 anos, no jornal "O Guarani", de Itararé, no Estado de São Paulo. Autor do hino ao Itarareense e relator da ONG Transparência nas Políticas Públicas. Crê no humanismo e critica o "Brasil S/A". Vê a arte como instrumento de libertação (Manuel Bandeira); seus textos apresentam-se como um testemunho das amarguras de seu tempo de lucros globalizados e injustos e riquezas impunes de um neoliberalismo insano de privatarias e o inumano neoescravismo da terceirização.

Colunas e textos Selvagens

© 2008 - 2021 - Editora e Livraria Letra Selvagem - Todos os Direitos Reservados.