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Críticas

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O senhor do Círculo e guardador da sombra das almas
Página publicada em: 22/09/2015
Antonio Ventura
De um ponto qualquer da mítica Pontal do Orvalho, o poeta Carlos Nejar cria novos mundos
No fantástico romance O feroz círculo do homem (LetraSelvagem, 2015),  muito mais um grande poema em prosa, o poeta Carlos Nejar, nascido de um ovo dentro da morte, tigre, leão vivo, passarinho, águia, vive no Círculo feroz do tempo, onde o Círculo gira ao mesmo tempo com o giro das estrelas, dentro de Deus, que não tem princípio nem fim, é carne e é almas. E é tempo e é espaço que nossa vã filosofia sabe que nada sabe. Mas sabe que Deus (não sabemos de sua face e nem de seu nome) é aquele que veio antes, ou depois, no futuro certo que nos sonha, sombras da intrigante Caverna de Platão, ou a caverna onde todos residimos entre sombras, pobres homens à procura da luz e da fogueira que queima igual o sol da eternidade.
 
Mas é nosso destino reverdecer próximos das verdes árvores, junto às margens do rio João Aragem, povoado imaginário do poeta Nejar, onde os regentes do Círculo comandam a pequena população do Pontal de Orvalho, que pode ser o Universo ou parte do mundo, onde a vida nasce da morte, como pássaros nascem dos ovos para verem o mundo. E assim nascemos, ovo branco no infinito das estrelas.
 
O poeta Nejar diz que somos passageiros como carne e fogo, mas temos nas palavras a possibilidade da felicidade e imortalidade, a palavra é o escudo do poeta, sua arma, sua glória. A palavra é como o verbo que antes era Deus e estava com Deus dentro deste Círculo infinito que gira também em sua glória. E o poeta vive e dorme e acorda nesta carne, feita de verbo e palavra. E a palavra, como é divina, não descansa, como nada descansa no grande Círculo.
 
Nejar se veste nos trajes do narrador Tibúrcio Dalmar, nomeado pelo Círculo o Curador das sombras das almas. Cuida dos mortos qual terrível Hades, no inevitável mistério que chamamos vida, onde as almas habitam entre a realidade e o mundo das aparências, e são tratadas pelo poeta Nejar como passarinhos que cantam docemente na manhã de Pontal de Orvalho, que pode ser qualquer cidade do mundo. Almas tratadas com venerável respeito, plantadas como flores em vasos raros.
 
Personagens ligados à literatura e à filosofia, como Mário Quintana, Paul Valéry, Confúcio, Jorge Luis Borges, Padre Vieira, Eliot, Nietzsche, Cortázar, Kafka – todos passaram em Pontal de Orvalho (pertenceriam à classe dos Regentes do Círculo?), convivendo com a população que cheirava a sol. Talvez a uma alusão de que os regentes serão sempre aqueles que indagam e comandam o mistério. E se comandam o mistério, comandam o mundo.
 
O poeta Carlos Nejar é irmão do vento e com ele cavalga pelas campinas reverdecidas de Pontal de Orvalho. Descansa ao pé de uma grande árvore na colina, entre três pedras circulares. Ao tocar uma pedra descobre a imortalidade. Chama Deus para ser feliz e afirma que a palavra salvará o tempo e o espaço e as pequenas criancinhas que brincam inocentes na luz das manhãs. Diz que criar é tirar a alma do nada. Fazer-se verbo e alumbramentos. Este o teor do Feroz círculo do homem.
 
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*Antonio Ventura, poeta de Ribeirão Preto/SP, autor de O catador de palavras (Editora Topbooks, RJ)

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