Editora LetraSelvagem

Editora e Livraria Letra Selvagem

Literaura Brasileira

Os melhores escritores do Brasil

Ricardo Guilherme Dicke

Romance, Poesia, Ficção

Deus de Caim

Olga Savary

Nicodemos Sena

Edivaldo de Jesus Teixeira

Marcelo Ariel

Tratado dos Anjos Afogados

LetraSelvagem Letra Selvagem

Santana Pereira

Sant´Ana Pereira

Romance

Nicodemos Sena

Invenção de Onira

A Mulher, o Homem e o Cão

A Noite é dos Pássaros

Anima Animalista - Voz de Bichos Brasileiros

A Espera do Nunca mIas (uma saga amazônica)

O Homem Deserto Sob o Sol

Romancista

Literatura Amazonense

Literatura de Qualidade

Associação Cultural Letra Selvagem

youtube
Destaque Cadastre-se e receba por e-mail (Newsletter) as novidades, lançamentos e eventos da LetraSelvagem.

Críticas

Fonte maior
Fonte menor
Ópera filosófica, O Feroz Círculo do Homem
Página publicada em: 26/05/2015
Miguel Jorge
É como se um coro de vozes levantasse outras vozes no respirar intranquilo de um círculo desenhado em linhas de fogo. Ou uma catedral de forma barroca onde as figuras, no milagre de um tempo passado, podem ser vistas de vários ângulos e várias faces. Então, a luz do texto passa a ser a palavra na convergência do espaço poético-real ou surreal, numa visão quase mística adotada pelo autor, ele mesmo quase um profeta.
Surge, daí, as várias incorporações criativas numa espécie de projeção imaginária, como se num sonho transparecesse “toda a realidade, principalmente a humana”. Cria-se, então, uma constelação de planos de cunho reflexivo. Afirmações e negações projetadas em um círculo fechado em signos ou símbolos, como se o falar e o pensar ecoassem por espaços históricos e retornassem em ecos metamorfoseados em palavras, reflexos das urdiduras metafóricas propostas pelo poeta.
 
E era noite e era cedo, e era de manhã, e as janelas de vidros evidenciavam as dobras iluminadas das chamas dos tempos. E a palavra, senhora de todos os espaços, como se desse cor ao coro de vozes, vibrava ao vento. O branco silêncio aberto em sinais, integrado ao processo narrativo oscila sobre as flutuantes conotações das imagens, tendo-se em mente a representação quase que sagrada das palavras:
 
“Empenho minhas palavras tão severas e vigorosas e bem amestradas para devorar as traças. Até na fero-cidade, triturá-las”.
 
É evidente que para se levantar questões literárias sobre o círculo da vida, da morte, não é suficiente debruçar-se em análises sobre estas duas realidades, pois elas se des-dobram em outras tantas funções passíveis de discussão. É possível encontrar ambigui-dades, numa operação metalinguística buscada pelo autor. Daí as idas e vindas (círculos se abrindo e fechando), as negações e afirmações, a rigorosa conotação das frases, num procedimento que não se limita ao exterior das coisas, mas, sim, redefinido num espaço interior, numa espécie de ultradimensionalismo em que tudo passa por reflexões ou lições extraídas a partir de um jogo de extrema ferocidade. Um espaço abrindo outro espaço para outro jogo, assim, como círculos de giz desenhados em um chão arquitetônico particularizado pela singularidade do texto.
 
Estão ao alcance do grande escritor os capítulos em contraponto, a exemplo de James Joyce, os efeitos iniciais do rompimento das tradições, da busca das premissas alicerça-das pelas teorias dos grandes filósofos da humanidade. Os achados, inapelavelmente integrados ao processo de instauração de um textopoema veiculado à palavra-signo, po-dem ser vistos como um novo tecido, uma nova pele, tessitura marcadamente impressa nos procedimentos criativos nejarianos. Ele mesmo senhor e dono da palavra, um dos grandes monumentos da nossa literatura. Dizer, portanto, que se trata apenas de um romance casual é dizer pouco. É dizer nada. Buscar em que medida o autor escreveu o seu Feroz Círculo do Homem (ou do Fogo?) é não achar resposta acerca dessa produção fadada à reflexão, integrada aos conceitos dos dados histórico-culturais, cujo peso maior está na força da própria palavra. Não há medida para este romance, ou ensaio filosófico. Ou peça para um teatro de sensações históricas, capaz de revelar a dicotomia ou trilogia incorporada ao conceito literário modernista.
 
“Entendi, no entanto, o paradoxo. Não são os sonhos que enlouquecem, nós é que corremos o risco de enlouquecer, se não tivermos palavra. Pois ter palavra é mudar o sonho da alma”.
 
*Miguel Jorge é autor, entre outros, do romance Veias e Vinhos, levado às tela dos cinema pelo diretor João Batista de Andrade

Faça seu comentário, dê sua opnião!

Imprimir
Voltar
Página Inicial

Autores Selvagens

Autor

» Silas Corrêa Leite

Começou a escrever aos 16 anos, no jornal "O Guarani", de Itararé, no Estado de São Paulo. Autor do hino ao Itarareense e relator da ONG Transparência nas Políticas Públicas. Crê no humanismo e critica o "Brasil S/A". Vê a arte como instrumento de libertação (Manuel Bandeira); seus textos apresentam-se como um testemunho das amarguras de seu tempo de lucros globalizados e injustos e riquezas impunes de um neoliberalismo insano de privatarias e o inumano neoescravismo da terceirização.

Colunas e textos Selvagens

© 2008 - 2021 - Editora e Livraria Letra Selvagem - Todos os Direitos Reservados.