Um livro que merece ser lido: Peregrinações Amazônicas – História, Mitologia, Literatura, de Fábio Lucas, lançado há algum tempo pela LetraSelvagem, editora dirigida por Nicodemos Sena, que conhece aquela imensa região. Em primeiro lugar, porque lá nasceu, estudou-a em profundidade, ama-a. No capítulo 1, Fábio Lucas, mineiro de Esmeraldas, que admira o Brasil e o defende como convém, escreve sobre os olhares cobiçosos que cercam a região amazônica: navegação, borracha, pesca, madeira, biodiversidade, gado, soja. Historicamente, o Brasil tem sabido resistir ao assédio, como enfatiza o autor, membro das academias Mineira e Paulista de Letras, presidente que foi da União Brasileira dos Escritores, professor. O antigo embaixador em Washington, Sérgio Teixeira Macedo, percebeu o interesse dos EUA pela área amazônica, ainda na monarquia, chamando atenção para os riscos que corríamos.
O grande país do Norte, entre outras ambições conhecidas, pretendia a abertura da navegação do Amazonas, admitindo algumas hipóteses. Teixeira de Macedo advertiu: “O anglo-americano se acha inteiramente convencido de que ele tem de regenerar o mundo todo, dar nova forma de governo a toda a sociedade humana, e dominar por sua influência todas as partes do mundo, de que ele ocupa hoje e centro, em razão de sua posição, que domina os dois grandes oceanos, o golfo do México e o mar das Antilhas. Já pois sua ambição não se limita a possuir uma terra compacta e extensa, mas trata de ocupar e senhorear-se de todos os pontos do globo, que possam oferecer vantagens à sua força marítima.” O diploma via longe. Relacionou as conquistas francesas e suas usurpações no planeta, bem como a ação dos ingleses, citando exemplos da China, Panamá, Nicarágua e outros. Mas em relatório denunciava:
“Quaisquer, porém, que sejam as vantagens do governo britânico, não têm eles comparação com as dos norte-americanos quando se trata de usurpações de territórios ou senhorios quaisquer dentro da América”.
Sérgio Teixeira de Macedo e José Antônio Soares de Souza, futuro Visconde do Uruguai, em pronunciamento ao Conselho de Estado do Brasil, em janeiro de 1854, foram fundamentais ao país naquela época, contestando proposta dos Estados Unidos para abertura do Amazonas à navegação mundial. O documento foi aplaudido por Pedro II e Washington recebeu um “rotundo não” do Brasil, na expressão de Fábio Lucas.
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*Manoel Hygino dos Santos é escritor e jornalista, membro da Academia Mineira de Letras
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Legenda viva da narrativa brasileira. Legítimo representante da melhor literatura que a crítica convencionou chamar de "nordestina". Depois de José Américo de Almeida, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, foi o autor capaz de despertar o leitor brasileiro para o problema antigo - mas tratado de um ponto de vista completamente novo - do insalubre e degradante mundo das salinas do Nordeste brasileiro, onde o homem é colocado na antecâmara do próprio Inferno.
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