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Críticas

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Panorama amazônico
Página publicada em: 03/04/2013
Enéas Athanázio
"O livro de Fábio Lucas é, enfim, uma lufada de ar puro nestes dias de entreguismo globalizado, reforçando e reavivando nossos brios de brasileiros nacionalistas e patriotas." (Texto publicado originalmente no jornal "Página 3", 27/10/2012, Balneário Camboriú, SC)
Fábio Lucas, o mais expressivo crítico literário da atualidade brasileira, está lançando novo livro. Trata-se de Peregrinações Amazônicas (LetraSelvagem, Taubaté, 2012), no qual ele reúne ensaios versando a história, a mitologia e a literatura daquela região. Sempre com o tom didático que identifica o professor experiente e revelando a sua reconhecida erudição, o livro se divide em quatro longos capítulos. O primeiro deles, para mim o mais inquietante, aborda os olhares cobiçosos que se voltam para aquela região, sempre desejada por outras potências, e as manifestações de brasilidade em defesa da soberania e da integridade nacional ao longo dos anos. No capítulo seguinte, trata o ensaísta da personalidade e da obra de Euclides da Cunha, dando ênfase à fase amazônica que fez dele o pensador da nacionalidade brasileira. Por fim, em capítulos distintos, analisa a prosa e a poesia amazônicas. É, portanto, uma obra que condensa importantes informações, revisa a história da região e expõe uma visão panorâmica da sua cultura.
 
Analisando a constituição da nacionalidade brasileira, conclui o ensaísta pelo pluralismo cultural que forjou. Para tanto vai buscar as contribuições do português, do índio e do negro, acentuando a dualidade cultural, de um lado absorvendo os valores da sociedade dominante e de outro um sentimento autóctone que nos uniu numa perspectiva nacional. É uma análise interessante, mostrando que, ao contrário de outros povos, não houve algum acontecimento de grande relevância que unisse as massas em defesa do país, grandes adversidades a vencer ou realizações de notável vulto exigindo um esforço coletivo incomum. "A originalidade do caso brasileiro - escreve ele - consiste na prematura formação de um caráter de brasilidade, que se pode considerar difuso, embora patente e irreversível." Mais adiante: "O nacionalismo brasileiro é de composição recente e tem alcance mais pragmático e emotivo do que desinteressado ou fundamentado em causas espirituais" (p. 32).
 
Tais características singulares permitem o surgimento de líderes que professavam um nacionalismo difuso, inclusive na região amazônica, conseguindo assim manter a integridade de um país continental, fato que constituiu um verdadeiro milagre. Foi o caso de Eduardo Nogueira Angelim, que resistiu com bravura e coragem às investidas inglesas e suas tentativas de violação da soberania nacional. Episódio dos mais curiosos, revelando a prepotência do imperialismo e suas imposições aos países mais fracos. "O caso de Eduardo Nogueira Angelim - diz o autor - serve-nos de exemplo para concluir que o ânimo nativista impregnava brasileiros de todos os quadrantes e fundamentava a consciência coletiva da nacionalidade" (p. 40).
 
Vinha de longe a ideia corrente nos Estados Unidos de que a interdição da Amazônia à navegação estrangeira constiuía crime contra a humanidade. Sua intenção, já naquela época, era a invasão predatória e exploradora da região. O presidente americano, em mensagem ao Legislativo, afirmava que "em seu entender se fosse aberta à indústria do mundo ali se achariam fundos inexauríveis de riqueza" (p. 45). A posição firme do governo central, dos presidentes das províncias e do povo em geral impediu a invasão de potências estrangeiras que visavam a simples exploração intensiva da região. Não se imagine, porém, que o risco esteja afastado. Afora outras tentativas - afirma o ensaísta - "teme-se estar em andamento um processo de desmembrar Rondônia do resto do país, em nome de uma doutrina ambientalista e indianista" (p. 50). É um tema que exige a permanente atenção dos brasileiros conscientes em defesa de nossa integridade territorial.
 
O capítulo dedicado a Euclides da Cunha aborda a obra do artista das letras e do cientista social que ele foi. No correr dos anos, em decorrência da observação in loco, ele se afasta do cientificismo estrangeiro de que estava impregnado e passa a entender com perfeição o brasileiro em seu meio real. O impacto dessa realidade faz dele um nacionalista e um patriota, admirador sem par do povo brasileiro, a partir de Canudos, onde testemunhou fatos de extremado heroísmo "onde a covardia não encontrou abrigo..." (p. 71). Em sua missão na Amazônia observou de perto a exploração do seringueiro semi-escravizado, as consequências do latifúndio, o abuso do poder econômico, a ação dos fazedores de desertos e outros males que afetavam a região. As páginas a ele dedicadas permitem uma visão abrangente da obra de Euclides e da evolução de seu pensamento.
 
Nos capítulos finais são examinadas, com o cuidado de sempre, os escritores e poetas da região, desde os mais antigos até os atuais. O livro de Fábio Lucas é, enfim, uma lufada de ar puro nestes dias de entreguismo globalizado, reforçando e reavivando nossos brios de brasileiros nacionalistas e patriotas.
 
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*Enéas Athanázio é escritor catarinense; autor, entre outros, de "O cavalo inveja e a mula manca"

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