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Um porto mítico na Amazônia
Página publicada em: 30/03/2012
Alessandro Atanes
Conjunção de Mito e História engendrada pela ficção. Ação concreta através da qual é possível deslocar os indivíduos entre o mundo velho e o mundo novo. Exteriorização da transformação utópica que a viagem à mítica Cabânia simboliza. (Texto publicado originalmente no site Portogente: ttp://www.portogente.com.br/texto.php?cod=62199)
Invenção de Onira (1988), romance do autor paraense Sant’Ana Pereira, tem como pano de fundo os eventos da Revolução Cabana (1835-1840),  a Cabanagem, revolta na província do Grão-Pará devido à péssima condição de vida das camadas mais baixas da população impulsionada ainda pela insatisfação das elites locais com o poder central em um país independente há pouco tempo e ainda em formação. A escrita do autor transforma o fato histórico em mito, isto é, algo “capaz de envolver indivíduos e grupos de uma forma totalizante” (Gilberto Velho). É como quando afirmamos que Santos é a terra da liberdade e da caridade: não é algo nem falso nem verdadeiro, é apenas simbólico.
 
No romance, líderes do movimento reúnem uma população em direção à Cabânia, capital mítica da nação amazônica emancipada. Escrevendo sobre o romance, o professor e antropólogo Dedival Brandão da Silva, além da consideração do primeiro parágrafo, afirma que a viagem tem papel especial nessa conjunção entre Mito e História engendrada pela ficção: é a “ação concreta através da qual é possível deslocar os indivíduos” entre o mundo velho e o mundo novo, e, ao mesmo tempo, é também a “exteriorização” da transformação utópica que a viagem à Cabânia simboliza.
 
Como qualquer viagem, a viagem mítica também deve começar por algum lugar. E é por um porto que a viagem e o livro começam:
 
As embarcações amanheceram em frente ao porto da vila. Nada menos do que cento e setenta sete. Dali, da vila de Itaituba, à margem esquerda do rio Tapajós, um pouco mais acima Jacareacanga e as cachoeiras, começaria a grande retirada. Cinco horas da manhã, o primeiro a despertar, alguém bradou a notícia:
- Olha os navios, pessoal!
Efeito instantâneo, do chão onde se achavam deitados, cabeças e corpos se foram erguendo, a notícia repercutindo. Dentro em pouco, o trapiche não cabia mais ninguém. Ancoradas em filas indianas, a duzentos metros do porto, as embarcações constituíam o mudo espetáculo para quem caminhara dias e dias de distância ou pelo menos algumas dezenas de léguas de beiço. Mesmo aqueles que tinham vindo sem convicção se mostravam empolgados. A maioria, senão todos, jamais vira um navio tão de perto.
 
O ensaio de Brandão da Silva está no posfácio da terceira edição do livro, publicada em 2009 pela LetraSelvagem, da qual um exemplar foi enviada à coluna junto com outros livros da casa editorial, pelo que agradeço a Nicodemos Sena. A primeira edição e a segunda, sob o título Cabanos Capital Cabânia, foram publicadas pela Cejup, de Belém, respectivamente em 1988 e 1998.
 
A apresentação do autor e críticas sobre o livro podem ser lidas aqui.
 
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* Alessandro Atanes, jornalista, é mestre em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Servidor público de Cubatão, atua na assessoria de imprensa da prefeitura do município.

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» Carlos Nejar

Poeta, romancista e ensaísta, da Academia Brasileira de Letras, um dos nomes de maior projeção dentro e fora do Brasil, aclamado pela crítica. No dizer de Antônio Houaiss: "Essa criação tão intensa, tão passional (da condição humana) busca, com homo sapiens, atingir os ápices da solidariedade humana. O que não é dado, em todos os tempos, senão a poucos - a esses em cuja normalidade há um quantum de loucura e outro tanto de santidade". Traduzido em várias línguas, tem sido estudado nas universidades do Brasil e do exterior.

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