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Críticas

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"O Sal da Terra" intensifica o abominável da realidade
Página publicada em: 04/12/2010
Nelson de Oliveira
Trama regional transforma salina no Ceará em cenário de ficção científica (Resenha publicada originalmente na "Folha de São Paulo", Caderno Ilustrada, 27/11/2010)
O primeiro romance de Caio Porfírio Carneiro, O Sal da Terra, publicado originalmente em 1965 e agora relançado, pisa em território virgem na literatura brasileira: "O mundo branco e desconhecido do sal no Nordeste, visto de dentro". Quem afirma é o escritor João Antônio, nas orelhas do livro.
 
A expressão "pisar em território virgem" sugere, ao cidadão metropolitano, uma cena de aventura: o primeiro explorador a pisar na Antártida ou o primeiro astronauta a pisar na Lua.
 
E é exatamente essa a façanha que o livro realiza: uma aventura trágica num mundo branco e desconhecido.
 
A trama se passa no Ceará, mais especificamente na salina São Francisco e em suas adjacências. Pirâmides de sal apontam para o céu, como num cenário de ficção científica. Tarefeiros, prostitutas, crianças e assassinos formam os párias desse mundo alienígena.
 
Os personagens vão se definindo pela ausência de definição, pelo que não é dito explicitamente. Os diálogos quase não dialogam. A narração é feita de períodos curtos e magros.
 
Cada ponto e cada vírgula revelam-se como mais um pequeno torrão de sal cristalizando o enredo.
 
Porém, por mais áspera e degradante que seja a realidade expressa no livro, é difícil não se apaixonar por ela.
 
Essa é a maldição dialética da literatura de qualidade: ao representar o abominável, a literatura o aviva de maneira intensa, imaginosa, colorida. A tal ponto que a realidade expressa no romance já não é mais a realidade original, pobre e hostil. É outra coisa. É poesia.
 
REGIONALISMO
 
Aqui não há heróis nem anti-heróis. Há apenas gente sem resistência, descalça e doente.
 
Mestre Nonato, Cego Delfino, Zé-Rodrigues, Guedegue, o menino Bibio e a louca Cristina são figuras sonâmbulas cravadas na estrutura e na paisagem que as condicionam. Sua inconsciência, intensificada pela prosa econômica, é comovente.
 
Nós já estamos em outra dimensão, em outra cultura, onde o branco agora significa contaminação.
 
O escritor Léo Godoy Otero, autor do romance O Caminho das Boiadas, certa vez propôs um parentesco curioso.
 
Ele afirmou que, por apresentar um vocabulário e uma realidade estranhos à massa de leitores metropolitanos, a literatura regionalista assemelha-se à ficção científica.
 
O jargão rural, as pirâmides e os párias de O Sal da Terra apoiam essa inusitada analogia.
 
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*Nelson de Oliveira é autor de Poeira: Demônios e Maldições (Língua Geral)

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