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Poesia 'ardente sobre a vida' de Edivaldo de Jesus Teixeira
Página publicada em: 22/09/2009
Silas Corrêa Leite*
"Autor contundente e nada previsível. Por isso incomoda... a grafia, as modulações, as mudanças de prisma; epigramático, enfim, quase incodificável... Talento e viço... Surpreende pelo surpreender..."
“No poeta coexistem o intelectual e o primitivo
Ambos formam uma unidade inseparável... “
Poeta Ledo Ivo (Ao ser recepcionado na Academia Brasileira de Letras)
 
 
Todo poeta é uma espécie assim de “reinventor da existência” ao seu modo, ao seu jeito todo peculiar, nunca concordando, por um motivo ou outro, com ela, principalmente nesses nossos tempos insanos. Rimbaud dizia que “o poeta é o ladrão do fogo”. A palavra Poeta vem do grego “poietes”, o que significa criador, inventor, enquanto Platão a relacionava com o conceito de Poesia como música, de composição.
 
As múltiplas formas dos poemas de Edivaldo de Jesus Teixeira são como se pequeninos fios desencapados entre a memória (com suas insurgências e zelos), a emoção – em suas capacitações e sofrências – sempre uma bendita reinvenção de seqüências e configurações em estrofes surpreendentes, como se alguma espécie letral de costuras de panos humanos em registros de impressões pouco humanas (mudanças impossíveis mas necessárias?). Aliás, Ledo Ivo dizia: “Tem necessidade de anjos, para ser Poeta”. Pois o poeta Edivaldo fica entre o recolhedor, o liquidificador (inclusive de idéias), o desmonte de certos signos, o envernizador de cenários (íntimos e exteriores), pondo a sua arrojada mão, a sua fala poética, o seu olhar contundente, a sua pungência lírica sempre com a faca asséptica da sensibilidade. Ah a espécie humana...
 
Ainda há, sob o sol, o homem-deserto, o homem-agulha, o homem-caminho, o homem em recolhes com sua bateia de granizos em catações, o homem com seu tabuleiro de vertentes, conhecimentos de abandonos e inquietudes sociais. O Poeta Edivaldo de Jesus Teixeira não se enquadra, não se nomina por estilo, tempo, ocasião ou escola regral. É, todo ele, o fio crucial do “fazedor” de poemas ao extremo e exclusivamente ourives da palavra cortante na cirúrgica do seu poetar diferenciado.
 
Joias preciosas nos trigais de palavreiros. Frinchas de luzes nas paletas da criação desterrada. Além da superfície do olhar: “Ali à luz posta em crescente movimento/A sombra, esse elemento escuro/Eu incenso”  (Pg 16). Estilhaços de luzes colorindo escombros sombrios? Além dos poemas, li/vi salmos, fulgores, alegorias, reinações. Desconsolos e considerações. Ensinamentos de algum jardim?. A extinção da noite? Talvez colheitas para tentar pincelar vazios existenciais nos descaminhos da civilização, com tantos focos oblíquos, enfoques desnorteados, prismas corrompidos... envolvimentos humanos... 
 
A luz – que ele busca, enquadra, tece, experimenta, desenvolve, semeia, feito um rio não líquido. Um lado meio Drummond enviesado, um jeito Gullar em estoque de revisitança, além da velocidade da carne. Então o poeta colore (com luz de suas pulsações) as más condutas dos seres. “A movediça noite e seus descaminhos”. (In, Canto, pg. 76). “Nada do que reitero/Cheira a princípio(...)”, pg 83, in, Dos Enigmas. A poesia de Edivaldo de Jesus Teixeira tem diferenciações estilísticas, como se por isso uma espécie de antologia de si mesmo, uma verdadeira parabólica de suas tantas tessituras literárias em versos contundentes.
 
É como se uma alma, de alguma forma reprimida, escrevendo também se inclua ainda assim no rol dos sensíveis (sobreviventes assim), quando se refugiam como podem nos escritos que nos dão o preço da presença humana, da (falta de) consciência humana, na pelica das reinvenções literais como testemunhos de arte tristemente contemporânea, por isso mesmo eivada de horrores de toda sorte.
 
A poesia de Edivaldo de Jesus Teixeira e o mistério que dele se apega aos fragmentos possíveis de vida; vida observada com rigor, retocada, recolhida e posta enlivrada de pequenas luzes captadas e somando-se a luzes de seus variados versos. Como necessidade vital do humano moderno – tempos tenebrosos – a poesia de Edivaldo de Jesus Teixeira tem essa espécie de ponto de fuga: colhe-se, recolhe(se), como um mimo do dar-se de si à essência do que restar da floração da vida pura em tantas das suas  degradações todas. 
 
Um olhar sobre esses mundos... (Criação, pg 28)
 
O autor trabalha a luz entrecortada do que vê/lê, pensa e sente entre a sombra e os reflexos luzentes; o céu (e o self), e a escuridão, procurando sobreviver assim, subsistir assim, ainda e sempre re-escrevendo a vida tornada possível. Jurista, já escritor de outros livros bem recebidos pela crítica, Edivaldo tem essa espátula criativa que impressiona, num criterioso crivo de toque que edifica arte, pondo a alma a limpo no que cria, muito alem do limbo do que vê; com a envergadura de seu talento confeitado no belo poetar, sendo uma espécie de pensador que lida com algumas incertezas, retratando incertezas, lidando com incertezas, muito além da própria ciência da incerteza.
 
O autor é contundente e nada previsível. Por isso incomoda um ledor procurando enigmas e estigmas. Como pontua os trabalhos, a grafia, as modulações, as mudanças de prisma; epigramático, enfim, quase incodificável... Talento e viço desse jeito. Surpreende pelo surpreender... Perigoso e difícil "avaliar/analisar" ou coisa que o valha. Sensibilidade e olhar feroz, crítico, no sub e sobre fragmentos (farpas) do que verseja como artífice: “tensão para a exatidão” (como diria Paul Valéry).
 
É incomodador lê-lo e procurar fio de meada. Não há. Cada fio (linha) ou estrofe tem seu próprio tempo, eio, trilha e descarrego. Esculpindo destrinches? O crítico Carlos Ávila dizia: “Cada poema autêntico é como recomeçar do zero, é a exposição do poeta(...) O texto é uma prova de fogo diante da linguagem”. Helena Kolody dizia da poesia como loucura lúcida.
 
O autor, também homem deserto sob o sol ainda é um homem que pensa o sol e o deserto.
 
O Livro “O Homem Deserto Sob o Sol”, poemas ardentes sobre a vida, tem vida e brilho próprio.
 
Poemas como gritos fragmentados entre o aço e o cimento armado, entre as efemeridades da vida e suas cantagonias passageiras. Fazendo versos como quem chora... fazendo versos como quem sangra... ou, se redime, talvez, de algum jeito, na sua poética contemplação recortada. Essa boa mostra de alguma espécie de libertação da alma humana virou obra literária, livro de poemas.
 
De um homem ainda desperto sob o sol. 
 
_________________
*Silas Corrêa Leite é escritor e jornalista nascido em Itararé e radicado em São Paulo; autor, entre outros, de Campo de trigo com corvos (contos)  

 


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