Editora LetraSelvagem

Editora e Livraria Letra Selvagem

Literaura Brasileira

Os melhores escritores do Brasil

Ricardo Guilherme Dicke

Romance, Poesia, Ficção

Deus de Caim

Olga Savary

Nicodemos Sena

Edivaldo de Jesus Teixeira

Marcelo Ariel

Tratado dos Anjos Afogados

LetraSelvagem Letra Selvagem

Santana Pereira

Sant´Ana Pereira

Romance

Nicodemos Sena

Invenção de Onira

A Mulher, o Homem e o Cão

A Noite é dos Pássaros

Anima Animalista - Voz de Bichos Brasileiros

A Espera do Nunca mIas (uma saga amazônica)

O Homem Deserto Sob o Sol

Romancista

Literatura Amazonense

Literatura de Qualidade

Associação Cultural Letra Selvagem

youtube
Destaque Cadastre-se e receba por e-mail (Newsletter) as novidades, lançamentos e eventos da LetraSelvagem.

Obras Selvagens

Fonte maior
Fonte menor
Sombras sobre a terra
Página publicada em: 31/07/2016
Francisco Espínola / Preço: R$50,00 (360 pág.)
R$ 50,00
Comprar agora
"Sombras sobre a terra", publicado em 1933, é um romance paradigmático, pois encontra parentesco com a temática encontrada em Juan Carlos Onetti, de "Junta-cadáveres"; em Alejo Carpentier, de "Os passos perdidos"; no Vargas Llosa, de "Pantaleão e as visitadoras", ou ainda em José Donoso, de "O obscuro pássaro da noite", obras que, no mesmo diapasão, tratam com pungente realismo a vida e as relações nos prostíbulos. Ainda, nos descortinam o mundo e a natureza dos apartados e marginalizados que não conseguem debelar o vazio e a agonia de suas vidas. Ao mesmo tempo, esse romance-catarse de Espínola instaura uma discussão sobre o eterno embate entre o Bem e o Mal, entre o Centro e a Periferia, uma vez que, na esfera onde transcorre todo o romance, há o enfrentamento do personagem com as extremidades do espaço geográfico que o confina, num povoado dividido entre o Centro e o Baixo, numa alegórica simbologia das dicotômicas divisões que caracterizam a vida das cidades e dos povos, ou uma metáfora do maniqueísmo invocado nas relações humanas, onde Céu e Inferno, Carne e Espírito, Sagrado e Profano convivem em esquizofrênica simbiose. (Texto de orelhas do escritor e crítico Ronaldo Cagiano). Leia o texto completo, a seguir.
Imagem
Dando continuidade ao mapeamento de obras que marcaram não apenas a bibliografia brasileira, mas também o universo estético latino-americano, e que, por negligência do mercado editorial, muitas delas caíram no esquecimento, e outras ainda não chegaram às nossas livrarias, a Letra Selvagem premia o leitor brasileiro com essa edição pioneira de Sombras sobre a terra, do uruguaio Francisco Espínola, uma das vozes mais representativas na ficção de língua espanhola, até então pouco conhecido entre nós.
 
Em primoroso posfácio, o escritor e ensaísta uruguaio Leonardo Garet descortina o processo criativo e a concepção estética do autor e da obra e nos faz penetrar no ambiente de um prostíbulo, onde se desenrola a história do jovem Juan Carlos, atmosfera povoada de seres e sombras, que dividem entre si as mesmas angústias, num espaço inquinado socialmente.
 
Nessa narrativa candente e de profundo mergulho existencial, o protagonista é um órfão de pai assassinado e de mãe vítima da tuberculose, falecida após longo padecimento. É num imenso e solitário casarão, onde passa seus dias, cuidado pela negra Basília, que Juan Carlos experimenta uma errância e uma insularidade psicológica e interior, enfrentando desde cedo os perigos do mundo, crescendo à revelia de valores, encurralado por uma realidade crucial que o move numa luta para defender-se dos abismos, vícios, delitos e impossibilidades ofertados pelo quotidiano miserável.
 
Numa espécie de marginalidade social e moral, a dilacerante experiência de abandono é tratada pelo autor com uma pródiga carga de solidariedade com seu personagem. No espaço-tempo em que emergem os dilemas e dramas do jovem Juan Carlos, as figuras do pai e da mãe são evocadas não apenas como lembrança, mas como instância questionadora e de apaziguamento. Numa cena, diante de sua amante, a prostituta Nena, em cujo rosto amplifica a imagem de sua mãe, ele acaba por expiar-se, como num processo de autoimolação, na captura de uma memória ancestral, em que afloram sentimentos e afetos que se (con)fundem numa mesma e desesperada tentativa de se reconhecer e se inquietar diante do seu destino tumultuado, traçado pela prostituta, como um caminho indesviável.
 
Sombras sobre a terra é um romance paradigmático, pois encontra parentesco com a temática encontrada em Juan Carlos Onetti, de Junta-cadáveres; em Alejo Carpentier, de Os passos perdidos; no Vargas Llosa, de Pantaleão e as visitadoras, ou ainda em José Donoso, de O obscuro pássaro da noite, obras que, no mesmo diapasão, tratam com pungente realismo a vida e as relações nos prostíbulos. Ainda, nos descortinam o mundo e a natureza dos apartados e marginalizados que não conseguem debelar o vazio e a agonia de suas vidas.
 
Ao mesmo tempo, esse romance-catarse de Espínola instaura uma discussão sobre o eterno embate entre o Bem e o Mal, entre o Centro e a Periferia, uma vez que, na esfera onde transcorre todo o romance, há o enfrentamento do personagem com as extremidades do espaço geográfico que o confina, num povoado dividido entre o Centro e o Baixo, numa alegórica simbologia das dicotômicas divisões que caracterizam a vida das cidades e dos povos, ou uma metáfora do maniqueísmo invocado nas relações humanas, onde Céu e Inferno, Carne e Espírito, Sagrado e Profano convivem em esquizofrênica simbiose.
 
Francisco (Paco) Espínola é um autor fundamental para a consolidação de uma consciência estética e uma fiel apreensão da nossa latinidade. Com este monumental Sombras sobre a terra, na impecável tradução de Erorci Santana, junta-se a outros autores que tradicionalmente popularizaram o melhor da novelística uruguaia do século 20 (como Ángel Rama, Eduardo Galeano, Enrique Amorim, Felisberto Hernández, Horacio Quiroga, Juan Carlos Onetti, Mario Arregui, Mario Benedetti, Ricardo Güiraldes e Rômulo Gallegos), familiarizando-nos com o contexto histórico, geográfico, social e psicológico, de modo que possamos compreender o caráter e a formação da identidade e dos valores desse imenso, polifônico e trágico continente, com seu dualismo, sua fragmentação e seus sortilégios, com uma perturbadora – e ao mesmo tempo poética –  dimensão humanista.
 
____________________
*Ronaldo Cagiano é escritor e crítico literário, autor, entre outros, de Dezembro indigesto (contos) 
 
_____
 
Este livro pode ser adquirido aqui. CLIQUE AQUI.

Faça seu comentário, dê sua opnião!

Imprimir
Voltar
Página Inicial
© 2008 - 2021 - Editora e Livraria Letra Selvagem - Todos os Direitos Reservados.